TU ÉS MILHAIS... MAS VALES MILHÕES
Eu queria ser, ao menos por um dia,
Um Dante,... um Petraca ou um Camões
Para lembrar às novas gerações
A valentia,
Do soldado Milhões
Foi na Batalha de La Lis, em França,
Na 1ª. Grande Guerra Mundial
(de má memória para Portugal)
Que, a uma Força, na frente destacada,
Toda a noite bombardeada,
Faminta, doente e sem moral,
Conseguiu proteger a retirada,
Enfrentando, sozinho, a avançada
Do exército alemão
E a destruição
Dos seus companheiros de pelotão.
Depois,
Durante vários dias, vagueou
(sempre acompanhado da “luísa”
a sua metralhadora)
Pelas trincheiras desertas,
Morrendo de fome e de exaustão,
Bebendo a água das covas abertas,
Crateras que as bombas
Faziam no chão.
Foi então
Que um médico inglês
Oficial a quem salvou
Da morte, na lama,
O acompanhou
À sua Unidade
E lá revelou
A sua heróica acção
O soldado Milhões
Não sabia ler;
Mas em todo o seu ser
Estava gravada, a fogo,
A noção
De que defender
E morrer
Pela sua Pátria,
Era obrigação...
E, embora aquela
Que ali o retinha
Não fosse a sua,
Era nela
Que à revelia de Deus,
Companheiros seus,
Sofriam
E morriam !...
O soldado Milhões
Era forte
Como a morte
Que não temeu;
Grande como o céu
Que não tem fim;
Humilde como o ramo de alecrim,
De oliveira e rosmaninho
Que na Páscoa da Ressurreição
Levava em procissão
Ao seu padrinho.
Simples viveu
Apesar das honrarias;
As mais altas
Que recebeu
Da Europa vencedora.
Simples morreu
Na sua terra natal,
Valongo a que, de Milhais,
Seu nome deu.
Mas o que mais o honrou,
(mais que as condecorações,
que tantas foram),
Foi quando – afirmava impante -
O seu Comandante,
O Major Ferreira do Amaral,
O abraçou
E lhe disse: -
TU ÉS MILHÃIS... MAS VALES MILHÕES !
E o nome para sempre lhe ficou !...
M.FREITAS
10/04/2010
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